quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Espaços públicos e centros culturais alternativos em BH

Discutir o papel do espaço público na cidade contemporânea constitui-se, antes de tudo, em um desafio, não só para a Geografia e para todas as ciências e filosofias que se pretendam políticas e ativas, mas também para quem produz e desfruta de arte e cultura. Temos hoje em Belo Horizonte vários espaços públicos se transformando em centros culturais alternativos, o que nos faz refletir sobre a importância desses locais para a população.

O espaço público é considerado como aquele que, dentro do território urbano tradicional, seja de uso comum e posse coletiva. Ele envolve tudo que é público: praças, parques, conselhos, comunidades e ruas, e estes devem ser mantidos por toda a população. Dentro do seu conceito básico, o espaço público é de todos, mas ainda que seja público, poucos se beneficiam desse espaço teoricamente comum a todos.

Um exemplo de espaço público recentemente reestruturado e readaptado naturalmente às circunstâncias e manifestações que ali ocorrem, é o ambiente embaixo do Viaduto Santa Tereza, onde semanalmente acontece o Duelo de MCs. O projeto nasceu da falta de um espaço que acolhesse o trabalho de artistas independentes e acabou abrangendo a questão da ocupação do espaço público, já que muitos locais na cidade, que poderiam ser utilizados como instrumentos de democratização da cultura, na maioria das vezes, estão sendo depredados e esquecidos.






Outro exemplo se trata do "empréstimo" de um espaço do Parque Municipal ao Museu Nacional da Poesia (Munap), para a realização de exposições, palestras, apresentações, cursos, recitais, seminários, entre outros eventos ligados à divulgação, preservação, difusão, estimulo, incentivo à poesia. O Largo das Bougainvilles foi o espaço escolhido pela artista para abrigar a Galeria da Árvore, revitalizando assim uma área já esquecida do parque.

Vendo exemplos como estes, acredita-se que as cidades necessitam de um novo enfoque para a dinamização das ações urbanas visando a promoção de espaços públicos devidamente reconhecidos e apropriados pela sociedade, que possuam vínculos simbólicos e efetivos, ligados ao imaginário coletivo, além de apresentar características que os insiram em um contexto onde predomina a mobilidade, a circulação, o instantâneo, o momentâneo, a eventualidade, a multiplicidade, a liberdade e até a gratuidade.

O Duelo de MCs, atualmente, tem um público que já ultrapassa 300 pessoas por semana e o ambiente do Viaduto Santa Tereza ganhou uma cara nova, totalmente moldado pela manifestação cultural que adotou o espaço público. Já o Parque Municipal recebeu mais de trinta mil visitantes quando foi aberta a exposição "A Poesia das Sombras, fotografias de Regina Mello", no início da parceria com o Munap, em abril de 2008. Todos esses são os frutos de uma parceira bem-sucedida entre espaço público e o público em si, que usufrui daquilo que é de todos para promover arte e cultura com a maior acessibilidade possível.

Postado por Ana Paula Pimentel

Fonte: Guia entrada Franca

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